Texto adaptado de um email há pouco enviado a uma lista de possíveis interessados na iniciativa
No encontro do dia 19, do passado mês de Julho, no Centro Cultural Franco-moçambicano a ideia de uma Comunidade de Leitores ganhou corpo. Os que se fizeram presentes (12 pessoas) contribuíram com as suas ideias, e combinou-se que quinzenalmente, a partir de Agosto, seriam realizadas sessões de discussão de obras literárias.
Um ponto importante é que não se trata de nenhuma organização (instituição) a promover a iniciativa, mas sim um grupo de pessoas que tem em comum o gosto pela leitura e a vontade de partilhar as suas leituras e trocar pontos de vista sobre determinados textos. Assim, não há financiamentos nem imposições de quem quer que seja. Pelo que, os membros da comunidade é que ditam as regras (horários, periodicidade, obras a discutir, formato das sessões, etc.).
Outro ponto importante é que, embora uma parte dos membros tenha formação em estudos literários, as sessões de leitura e discussão de textos não são para fazer crítica literária. Pelo contrário, sem limitar a profundidade da análise, deve-se procurar promover o diálogo e troca de ideias entre os participantes, de forma simples, para que todos possam contribuir com aquilo que a obra em análise significar para si.
Naquele primeiro encontro, decidiu-se começar pelo único livro que estava em cima da mesa, Sangue Negro, da Noémia de Sousa, tendo-se acordado ainda que as sessões seriam, alternadamente, dedicadas à poesia e à prosa, sendo que numa primeira fase a abordagem será circunscrita à literatura moçambicana.
A primeira sessão de leitura foi marcada para 02 de Agosto, ontem, mas não ocorreu pelo facto de vários membros da comunidade estarem a participar do Curso Livre de Filosofia e Arte, orientado por António Cabrita, no Instituto Camões em Maputo, desde 26 de Agosto, cujo primeiro módulo terá a duração de 5 semanas, com aulas semanais às terças-feiras a partir das 18h.
Assim, a primeira sessão deverá ocorrer hoje, das 18h-20h, no Centro de Documentação e Informação da Universidade Politécnica (graças ao acolhimento da ideia, pelo Dr. Ginja, em resposta ao pedido endereçado pelo Camilo da Silva).
Não tendo sido estabelecido o programa (trimestral/semestral) das sessões, no encontro inicial, este deverá ser fixado na sessão de hoje. A minha sugestão é que comecemos por um programa semestral abordando obras "fundamentais" da literatura moçambicana. Neste período, veremos qual será a dinâmica do grupo, os participantes desenvolverão alguma "cumplicidade", e nos prepararemos para outras actividades que foram sugeridas no encontro inaugural (ex: oficinas de poesia/escrita criativa) ou abordagens mais específicas, dedicadas seja a um autor apenas, "novas vozes" da literatura moçambicana, uma determinada temática/corrente literária, ou à literatura de outro país, etc.
Certamente que definir uma lista de obras "fundamentais" da literatura moçambicana é uma empresa dífcil e para gente com muito saber e tempo, pelo que deveremos estabelecer a "nossa" lista de obras fundamentais, o que também não deverá ser fácil. Assim, para simplificar, sugiro que cada membro/colaborador da comunidade avance 5 títulos e, se houver repetição, as obras com mais indicações entram para a lista. Caso haja necessidade, completa-se a lista com base no consenso, após discussão.
Um programa semestral teria 12 títulos, sendo Sangue Negro o primeiro, assim faltam 11. As minhas cinco indicações são:
Os Meus Versos (Rui de Noronha, Organização de Fátima Mendonça)
Memória Consentida (Rui Knopfli)
As Mãos dos Pretos - Antologia do Conto Moçambicano (Organização de Nelson Saúte e Fátima Medonça)
A Ilha de Moçambique pela Voz dos Poetas (Organização de Nelson Saúte e António Sopa)
Terra Sonâmbula (Mia Couto)
Os resultados/consensos da partilha de leituras em cada sessão serão sintentizados e publicados no blog http://mocambiquepoesiaeprosa.blogspot.com/, de modo que a discussão possa continuar, com a contribuição de todos os interessados que, por qualquer motivo, não possam participar directamente das sessões.
A coordenação do grupo está a cargo de Arsénio Macaliche Matavele e Léa Maria, sendo a principal referência para este "projecto" a experiência da Comunidade de Leitores do Instituto Camões, em 2009, sob a orientação da Professora Fátima Mendonça.
Arsénio Macaliche Matavele
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